Falta coragem para abrir os olhos desde que percebemos que o que acreditávamos ser liberdade era, na verdade, a mais pura dose de solidão. Ora nunca estivamos tão próximos e tão sozinhos ao mesmo tempo. Não surpreende o fato de compartilhamos não mais que apenas isso. O resto, que não nos machuca saber, nos matar sentir. Dessa pequena morte é que nosso olhar se fixa dentro de nós mesmos e toda ou qualquer liberdade de olhar para fora passa a ser nula. Está ali parada e nos cegando, enquanto tentamos, sem sucesso, pestanejar; está ali, dentro dos nossos olhos fechados e promessas de incisão, a minha, a sua, a nossa existência conectada na solidão.
Eu e você poderíamos sorrir já que não conseguimos encarar a realidade de olhos abertos. Ninguém é tão diferente de nós quando, dia após dia, não percebe que todos nós vivemos sob esse buraco na camada da realidade e que o espaço ao redor dele é que cobre a maior parte dos nossos dias. Poderíamos sorrir já que a felicidade não faz parte da nossa realidade, ou de verdade, poderíamos sorrir simplesmente porque com os olhos fechados, não conseguiríamos chorar. Abri-los à força, poderia então nos machucar, e sentir parte de nós se partindo em prol da realidade à frente na qual nunca enxergamos, à primeira vista, nos mataria.
Ainda assim, se conseguissemos manter os olhos bem abertos e pudessemos perceber quando estamos vivendo um momento marcante na nossa vida, veríamos que é quando durante cada segundo ali, olhamos para o relógio e desejamos que o tempo jamais passe, que enquanto está perto e entre nós a duração dure mais do que de costume, pois aquele momento jamais voltará a ser inédito para nós. Porque queremos manter o encantamento e ficar, para sempre, com aquela sensação de que cada segundo nos prende e surpreende o olhar, mesmo tendo passado a maior parte da vida de olhos fechados. A sós.
Último trecho inspirado na crítica de Matheus Pannebecker ao filme "Mr. Nobody": http://me.lt/3A4Mb
Eu e você poderíamos sorrir já que não conseguimos encarar a realidade de olhos abertos. Ninguém é tão diferente de nós quando, dia após dia, não percebe que todos nós vivemos sob esse buraco na camada da realidade e que o espaço ao redor dele é que cobre a maior parte dos nossos dias. Poderíamos sorrir já que a felicidade não faz parte da nossa realidade, ou de verdade, poderíamos sorrir simplesmente porque com os olhos fechados, não conseguiríamos chorar. Abri-los à força, poderia então nos machucar, e sentir parte de nós se partindo em prol da realidade à frente na qual nunca enxergamos, à primeira vista, nos mataria.
Ainda assim, se conseguissemos manter os olhos bem abertos e pudessemos perceber quando estamos vivendo um momento marcante na nossa vida, veríamos que é quando durante cada segundo ali, olhamos para o relógio e desejamos que o tempo jamais passe, que enquanto está perto e entre nós a duração dure mais do que de costume, pois aquele momento jamais voltará a ser inédito para nós. Porque queremos manter o encantamento e ficar, para sempre, com aquela sensação de que cada segundo nos prende e surpreende o olhar, mesmo tendo passado a maior parte da vida de olhos fechados. A sós.
Último trecho inspirado na crítica de Matheus Pannebecker ao filme "Mr. Nobody": http://me.lt/3A4Mb