quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Inadimplência

Eu quero saber quanto eu devo por teus beijos. Mal consigo dormir a noite quando lembro de uma dívida, quanto mais acreditar que tudo o que houve entre nós tenha se tornado isto. Perco o sono. Embora dinheiro nunca tenha feito falta quanto o amor me faz. Entre essas duas formas de troca, já até desembolsei meu coração a troco de nada. Acreditei que algumas gorjetas me sustentariam e só não morri na crise porque o estornei. Insisto em declarar que minha crise nunca foi financeira.

Se quer mesmo saber, nem me lembro mais de teus beijos ou do que havia entre nós. Espero que esse cheque pré-datado possa zerar esta conta. Se peço prazo, é apenas para que você possa sofrer um pouco mais. E não me olhe dessa forma como se não me reconhecesse, é a vista e não peço desconto e é você quem me fez ficar assim. Sorte a minha guardar os contra-cheques, pois às vezes nem meu nome me vem à cabeça, e se confesso que jamais esqueci o teu, aceite as gorjetas por teu amor nunca dado, por tua presença nunca presente e por teus beijos agora zerados. Eu estou indo dormir.
Na Crise de 29, as pessoas não se mataram exclusivamente por causa da falta de dinheiro ou do acúmulo de dívidas, pode ter sido por não haver forma de troca maior e mais importante que valesse suas existências como o amor. Porque dinheiro não abraça e nem diz que tudo vai ficar bem no dia seguinte. Entender isto, custa uma vida.