domingo, 10 de maio de 2009

Encontrado

No fundo, ele era um cara como outro qualquer, isso era o que as pessoas diziam umas às outras sobre ele, e também o que ele acreditar ser. Alguém que experimentou e passou por muitas pessoas, anseios, arrependimentos, sonhos previamente realizados, mas era insatisfeito, era e estava perdido. Ser ignorado no meio de uma multidão não era o bastante para se sentir oprimido, nada era suficientemente o bastante para tal. Bastava ter a si mesmo para se sentir bem ou não. Ele era o tipo que não sabia se sentia a falta de alguém, não era o tipo que esperava nem que procurava, mas que pensava que um dia iria encontrar...
Anoitecera, estava andando sozinho, às nove e meia da noite, voltando de um lugar qualquer. Apenas andava, sem se preocupar como andava, se desviava ou se estava rápido demais à cada passo, à cada vez que respirava, e à cada segundo, e o que importava era apenas continuar. Desviou seu olhar para a rua adentro, e poucos segundos depois percebeu que dentro de um carro o motorista lhe acenava. Enquanto o carro estava sendo estacionado mais a frente, já num lugar mais escuro e afastado, ele fora ao encontro do desconhecido. O olhar enigmático e frisado que tal sujeito lhe faz serve para lhe assustar, não o susto de medo ou aflição, mas o que questionava "por que não?". E antes que pudesse proferir qualquer palavra, o motorista diz ter o confundido. Ele sorri atônito e começa a caminhar fora dali, o motorista lhe chama de volta. Ele não volta, começa a correr. O motorista acelera o carro. Ninguém entenderia o que aconteceu naqueles instantes. E se questionou inúmeras vezes a razão de ter sido encarado por tanto tempo, e se tinha algum valor para o desconhecido. Não sabia, e se arrependeu de ter corrido e perdido a chance de descobrir. Então, antes que imaginasse, ele está de frente ao seu perseguidor, mais uma vez, e descobre o que tinha sido aquilo. Descobre que se chama sentimento, e então novamente se assusta. Ele estava por aí, com alguém que parecia querer lhe sufocar, tirar, extrair, desviar, no entanto o verbo verdadeiramente certo era estar. Então se questionava sobre o que queria, o que devia, o que podia, mas o mais importante e verdadeiro foi o que de fato sentia. E sentia que devia ficar, ficar não para ver até onde isso ia dar, mas por ter a chance de ser feliz de verdade com alguém que lhe encontrara.

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