quinta-feira, 16 de junho de 2011

Duas vi(d)as

Eu gostaria que você escutasse essa canção e se lembrasse de mim, eu gostaria que você lembrasse da minha risada e risse junto, mesmo que estivesse completamente só. Ainda mais se estivesse a noite. E que daí viesse uma cascata de lembranças, e que se lembrasse até dos meus erros com uma dose cheia de carinho, sem nem conseguir me julgar. E quando fosse tentar dormir, eu gostaria de estar em seus sonhos também, e que nessas horas você desejasse jamais acordar. Por eu ser alguém melhor para você, por te dar toda a atenção que você precisa. E gostaria que você quisesse que os dias passassem mais rápido só para me ver mais uma vez, porque mesmo uma vez mais seria pouco demais pra você. E eu gostaria que quando você estivesse comigo o tempo se congelasse. Só por eu estar lá.

Eu gostaria que seu coração batesse forte quanto mais você se aproximasse de mim, e que as palavras não conseguissem sair ou que você não tivesse palavras. Por seus olhos me mostrar tudo o que você precisasse dizer. E eu também gostaria de ver o sofrimento dentro deles. E eu gostaria de entrar neles para lhes dizer que tudo vai ficar bem, mesmo sabendo que não vai. Eu gostaria de jogar com você, brincar com seus pensamentos que geram sentimentos. Eu gostaria de te confundir, e de te deixar morrer ainda com vida. Por te enterrar enquanto me amasse.

Eu gostaria de não deixar espaço para você mesmo, e gostaria que você não tivesse espaço para mais ninguém. Senão por mim. Eu gostaria que você não tivesse paz, mas sentisse dor. Eu gostaria que isso te corroesse por dentro, por você ser invisível, mas seu sentimento visível. E não o contrário. Só por eu ser insensível. E principalmente, eu gostaria que você não tivesse uma vida, isso só para que você pudesse sentir e compreender a forma como você tirou a minha de todas as formas possíveis.

"- Você poderia trocar de lugar comigo?
- Por que?
- Eu não consigo enxergar de longe."

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sinto muito

Quem precisa de uma arma apontada para o coração quando não há mais nada a se sentir senão dor? Dor da qual só se sente só. Que não se abafa ou compartilha em milhares de desabafos. Dor que mata sem precisão de arma porque vem da extrema falta de ser amado. Da urgência de querer por pra fora aquilo que não vai sair de dentro com facilidade. De querer gritar ao mundo o "tanto que sente" ao mesmo tempo em que o mundo ecoa "tanto faz". Dor de poder demonstrar aquilo que se sente para quem sente, sem poder de verdade. Assim como se tanta coisa pudesse não ter que fazer sentido para que não tivesse que sentir tanto. Mas que ainda assim lhe suga toda a esperança que resta num coração cicatrizado.

Se tanta coisa pudesse se ausentar automaticamente da minha presença para que eu não tivesse uma outra chance de sofrer ao ver o que não posso tocar. Para que eu não tivesse que perder boa parte do que sou em troca de algo que nunca será meu. Eu deveria sentir pena de mim mesmo, se já não sinto. E é de tanto sentir que a dor do coração se transformou em dor de cabeça. Eu sinto tanto quando deveria nada sentir.

Eu sinto muito.