sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Se amar completa-te, contemple-se.

Quisera eu continuar acreditando que para uma pessoa encontrar sua outra metade fosse necessário apenas esperar. Quisera eu continuar pensando que se não fosse necessário procurar alguém, fosse só simplesmente se colidir num sofá qualquer e deixar o tempo correr. De qualquer forma, a intenção não seria cronometrar o tempo que levaria enquanto continuava só, mas perceber isso a partir do instante em que se sentisse bem com si mesmo sem sentir a falta de alguém ao lado. Bem, não estou escrevendo para apaixonados, não estou procurando testemunhar o amor do próximo... Escrevo para os que não acreditam mais em amor. Para os que já naufragaram numa dessas paixões mutuas que declinam nosso estado de espírito. Talvez até para os que já se perderam tentando encontrar alguém e principalmente para os que já se perderam tentando se encontrar. É, talvez nesse momento eu esteja escrevendo para todos nós. Porque para muitos é fácil conviver com os aplausos do carinho, com os sorrisos do amor correspondido, com a tênue e sublime forma de amar. Mas e com as vaias do sentimento redimido, e com os tropeços no caminho de quem anda só?

Quisera eu ser estúpido a ponto de tentar mudar sua visão sobre o que seja solidão, mas não, o que estou tentando te dar é a oportunidade de refletir sobre o que possa ser o amor. O amor é o novo, é o detalhe, é a faísca, é o que brilha e rapidamente pode se apagar, ou talvez não seja nada disso. E aí é quando você se lembra cadê teu alguém. E a resposta exalta brilho bem no fundo dos teus olhos. Não consegue enxergar? É porque como eu disse, está nos teus olhos, e por dentro. Quisera você conseguir tirá-la e atira-la em alguém que você goste, e fazer de repente esse alguém gostar de você. Mas não, porque é necessário a essência, o motriz, o inovador... O verdadeiro e eloqüente amor.

O amor trata-se de perdas e ganhos. Trata-se de um jogo em que ambos os jogadores saem ganhando. Quer apostar? Não que exista um guia, não que haja um tour, nem que tenha uma recepção elegante ou uma cerimônia digna. Muitas das vezes nem sequer há recepção, já há logo a cerimônia, e em casos assim, logo logo já estão na despedida. Triste ou injusto? Quisera eu pensar dessa forma, mas o que vejo nisso é a precipitação. A precipitação de almas que não cessam seus espíritos enquanto não encontrarem a outra parte. Agem como se fossem cacos de vidros, mostram-se despedaçados e aflitos diante da procura dos outros cacos. Na maioria das vezes, pessoas assim nunca se completam. Perdem-se mais e mais. E no que fica a dúvida sobre o amor? É se esperamos ou se tentamos encontrar a quem amemos e nos corresponda. E antes que eu termine isso daqui sem chegar aonde eu quisera hei de dizer aos que já se iludiram com o tal do amor: “um dia, quando você pestanejar e inspirar fundo, vai perceber que o passado já passou e que seus pesadelos não te incomodam mais nas tuas ultimas noites, perceberá que então tudo se fez novo em tua vida, e verás que a partir de então é hora de se levantar e procurar um novo, e quem sabe até, um eterno e único amor.”

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dualismo entre meu Ego

Confesso que perdi a fala. Inspiro. Rápido, traga-me uma folha. Isso, agora se sente ao meu lado. Se pergunte o que estou tentando fazer e a conclusão que chegará é que estou perdendo tempo. Tanto o meu, quanto o seu. Mas ainda assim há fôlego. Dessa vez eu insisto. Por favor, tem alguém aí? Evito fazer figuração na minha própria vida, posso até perder a direção de sentido, mas não perco a esperança. Ouço melodias sutis e o teu silencio gritante. E enquanto pestanejo, percebo que minha sombra é quem tentara se deslocar pra fora de mim, de tal modo que eu chegasse a pensar que havia alguém ali, além de mim.

O movimento continua lá fora, está todo mundo lá. E eu aqui a mercê do cotidiano remoto. Preciso mudar esse curso, quem sabe tomar um ar lá fora. Se conseguir convencer a mim mesmo de que minha lucidez esteja iníqua ou minha insensatez esteja aguçada, saberei que perdi tempo o bastante não conseguindo me expressar realmente. Porque o que se iguala ao meu desejo, é tal sentimento de reparação. Devo deixar claro que este é um momento de total reparação para meus sentimentos, escolhas e desejos.

As horas estão passando. Prefiro confessar o que ocorrera nas últimas quarenta e oito horas da forma mais interessante que possa parecer. Mesmo porque não há nada de interessante a acrescentar na minha vida. Volto a pestanejar, preciso me reconciliar com a tal felicidade - pode ser a momentânea mesmo. Sigo meus passos demarcados e me perco no caminho. Consigo chegar até uma cabana no meio desse bosque. Entro e me asseguro de não estar fazendo a coisa errada. Agarro-me ao chão. Sinto um repuxo. Levanto-me e tento gritar. Não consigo, confesso que perdi a fala...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Em Antecipação ao Meu Disfarce

Para você


Sabe, um dia você acorda e se encontra consigo mesmo. Enquanto faz sua refeição matinal vê seu corpo, sua alma, sua vida. Todas ali, dispersas, mascaradas, dissimulantes. Então você nota a sua alma em antecipação e o que você sente não é nada agradável. Nada que tenha comparação a uma manhã de sol. O que você não consegue sentir é o que no fundo da sua alma habita. Aos poucos você reconhece... Seu coração começa a se despedaçar. Seu corpo estremece. Sua vida pulsa mais forte. Sua alma reluta em pranto...


 Se você estiver lendo esse texto, então sua alma te avisará se for para você. E o que eu espero em relação a isso? Eu espero que quando você terminar de ler isto, você compreenda que tudo o que eu fiz até aqui sobre nós foi porque de fato eu sabia que de nada adiantaria eu permanecer no holocausto das minhas piores melodias. Não que eu estivesse esperando em retribuição: o seu ódio, mas que jamais repetisse o mesmo erro novamente. Talvez o erro tenha sido meu. Porque eu devia saber o momento exato de parar com essa história. E talvez o erro também tenha sido seu, porque mesmo você sabendo, nem chegou a tentar me parar. Não que eu quisesse te tirar dos meus sonhos, mas me faltava força para chegar a uma conclusão mais próxima disto. Você podia ter tido compaixão, mas quis que eu te visse ao lado de qualquer outra alma. Qualquer uma que não fosse a minha. Não que eu não suportasse lembrar, encarar o medo, ir à rua e te pedir um abraço, mas eu sentia como se tudo fosse despedaçar no final. E você era parte íntegra desse meu despedaço.
 Esta não é a melodia do medo, nem a melodia da falta, nem qualquer outra melodia. O que eu sinto passa longe dos meus ouvidos e o timbre entoado é silencioso, mesmo mordaz. A sensação que tenho é que o sentimento mais puro que havia em mim já não é mais tão intocável. Sinto como se eu tivesse sido imprudente em deixar me entorpecer assim. Sinto como se já não adiantasse disfarçar, eu te sinto como uma maldição que me atordoa e que me restringe a sonhar somente contigo. Eu, eu, eu, não sei mais o que sinto em relação à você. Medo? Falta? Talvez nesse momento, somente o teu silêncio.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mude

Eu estava parado, talvez em choque. Lia sobre os suicidas. Sentindo como se devesse impedir atos assim de serem cometidos. E doía saber que para tal eu não seria capaz. Não ainda, não aqui, não assim. Sentindo como se eu precisasse mudar o mundo e as pessoas que por aí estão, mas antes disso, compreendia que precisava fazer o inevitável: precisava primeiro mudar a mim mesmo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Aonde quer que Esteja

 De onde você veio? Há tanto entre eu e você que nos impede de sermos mais, talvez algo que seja refletido entre nossa simplória abstinência. Há tanto que há pouco nada havia. Qual é a sua história? Queria eu completar-te, mas em nada poderia agir, pensar em tal coisa então seria loucura. Trucida, desnorteia. Quero-te, mas desejo-me o bem e isso me causa o pior dos males. Tua face de tão pura me deixa arder e faz com que eu deixe meu coração queimar. Esta melodia é doce, a brisa toca-lhe sua respectiva nota. Só que agora sinto como se já fosse tarde, e eu devesse ir. Preciso partir-me daqui. Antes que eu queira não ir, antes que a minha inércia seja nula. Desfazer, desmembrar tudo aquilo que fiz com aquilo que havia em nossa combustão de olhos.

 Aonde você está? E o pior é essa tua falta de compaixão com os outros. Ignorar. Ignorar-me tudo aquilo que não me entorpece até o último fio. Machuca o modo como encara, isto é, quando encara, descara-se, máscara-se. Enfim. Ah se eu pudesse tirar essa sua valentia e orgulho superficiais, a melodia seria outra. Sente a dosagem? Não que pudéssemos acordar no dia seguinte com o arrependimento do que fizemos no dia anterior, mas que apenas fizéssemos sem nem pensar se isso mutilaria nossa sacana consciência.

 Pra onde você vai? Não que eu pudesse lhe impedir, mas a tua falta é o que me tira a paz. Atormenta-me, aguça, ilude. E caso você pense que eu esteja atônito em relação à tua existência, de que adiantaria? Ainda assim é fato que eu busco algum sentido para a minha existência senão com a sua. Nosso silencio junto, uma máscara, um silêncio calculável e que ensurdece até o ultimo instante. Sinto algo, sinto o teu cheiro, vários cheiros, vários vocês, vários sentimentos.

 Não que eu quisesse o melhor, mas eu pensava em você.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Pessoas Quem?

Há por aí pessoas que procuram o sentido do que fazem, a razão do que sentem, o motivo pelo qual existem. Há por aí aquelas que procuram alguma coisa para fazerem, algum motivo para terem o que sentir. E também há aquelas que procuram provar o quanto estão vivas usando através disso, outras pessoas. Há aquelas que mudam de direção na metade do caminho, há aquelas que não aceitam as mudanças dos outros. Há outras que em meio a isso, se perdem no caminho. Há aquelas que ignoram as outras. Existem as que se recusam a sentir algo e por temerem o pior, ou melhor, acabam dissimulando a indiferença em relação ao que sentem. Na realidade, todos os tipos de pessoas existem, mas, poucas realmente vivem. O que muda é a melodia. E é possível escutar cada nota de orgulho e de insegurança.

Convivo com pessoas que se orgulham de ignorar os outros e suas respectivas vidas; sequer notam a significância dos outros em sua própria existência. Conheço gente que não gosta de escutar novas melodias, novos timbres, se acostumaram a viver indolentemente na mesma percussão cotidiana. E quando alguém assim trata uma pessoa de modo indiferentemente, só mostra o quanto a outra pessoa tem algum significado para si. Porque se fosse só mais uma qualquer, agiria do mesmo modo que age com outra pessoa na rua, mas há a sutil diferença de se ignorar, de se diferenciar. E enquanto pessoas assim continuarem tratando os outros de modo indiferente, vão ser as que mais estarão perdendo, porque ao fazerem isso, perderão a doce liberdade de tratar aquela pessoa como qualquer outra.

domingo, 30 de novembro de 2008

Segundo Sonho

Sonhei com você outra vez. Posso acrescentar mais uma noite naufragada na minha própria existência. Essa vai para a estante de Não Achados e Perdidos. Agora fica notável eu não querer lembrar de ti? Porque quando eu me lembro que jamais te vi na minha frente, jamais senti o teu toque, o que eu quero evitar é ter esperanças para que isso aconteça um dia. Não que eu queira não te querer, mas o que eu quero é apenas não ter que querer alguém que não me queira. Se for platônico, que continue sendo. Mas desejo arduamente - para o meu próprio bem - que não seja real. Até porque, se existe algo na minha alma que procura me dizer algo quando sinto sua falta, o que é entoado é 'Não'. E então para meu próprio refugio, minha mente se entorpece em te por em meus sonhos. Consegue sentir a ironia?

Prefiro uma madrugada insone ao lado de qualquer parede do que um sonho idealizado de você ao meu lado. Tudo o que eu quero é ser feliz. Talvez seja fácil, talvez jamais aconteça. Quem sabe até já aconteceu. Mas sonhos noturnos não significam felicidade, tampouco quero acordar estonteante por ter abraçado alguém que na realidade jamais abracei. Eu devia saber que quanto mais tento tocar o céu, mais as nuvens se distanciam. Não é por pular, não é por tentar, não é por voar, nem é por conseguir. É porque é o curso natural das coisas. É por não querer.

Será que algum dia as pessoas vão perceber que é quando não queremos alguma coisa, é a hora que então tudo dará certo para que a tenhamos? É uma das leis. Ainda assim, é questão de virar as costas. Se for pra correr atrás que seja atrás de si mesmo. É não seguir as leis, é seguir a sua vida, é seguir o seu destino, é simplesmente seguir. Porque ficar deitado esperando o tempo passar, e o seu destino correr, te trará como felicidade apenas o velho sexo, drogras e rock'n roll. E o caminho da perdição é logo aí. Perder alguém que você não possui não fragmenta uma pessoa, mas se ela não tiver cautela, a partir daquele momento ela pode começar a perder a si mesmo, nem que para isso ela tenha que se deixar cair numa noite qualquer e simplesmente deixar-se sonhar...

domingo, 23 de novembro de 2008

Escuro Âmago

Você não suporta a pressão que há entorno de si mesmo. Te tormenta saber que ao sair de casa terá que encarar nada mais que o vácuo deixado por seus próximos passos. Saber que a linha do horizonte que enxergas, mostra apenas dois andares acima do que você realmente vê. E isso é o que te afugenta. É tudo o que te restringe à permanecer. Tem o medo sucumbido dentro dos próprios olhos. E ainda assim, procura demonstrar a frieza no semblante e a cautela na fisionomia. Mas no fundo, só Deus sabe o quão escuro é o teu interior. Escuro não por causa da tua consciência, escuro não por causa do teu afago, mas por se esconder no teu abrigo afim de não deixar-se entregar completamente. Talvez você seja uma pessoa boa. Eu creio nisso. Apenas creio, e digo que deve ser porque eu jamais o vi sendo.

 Algumas vezes eu sinto tua falta. E sou levado às pressas pelas minhas lembranças. Ano de Dois Mil e Sete. Tantas coisas, tantos lugares, tantas pessoas, tantas conversas, tantas lembranças. Eu poderia me lembrar de cada detalhe, cada momento, cada simples olhar. Poderia. Mas há algo dentro de mim que me impede de fazer isso. Deve ser a mágoa, o despedaço. Muitas coisas que ficaram e que foram jogadas, talvez a maioria nem deva ser lembrada. Ignoro-as. Sei que existem, mas também sei que já as superei.

 Éramos livres pela forma como (con) vivíamos. Liberdade encarada na saudade e na dor. Dor de olhar, dor de sentir borboletas voando no estomago. Dor inconseqüente. Dor de não poder voltar e sentir mais um pouquinho de dor. E entre a livre e espontânea vontade que nos foi permitida, dor era o que mais reagia ao nosso desejo. Só que tudo passou. Ano de Dois Mil e Oito, prestes a Dois Mil e Nove. Cada um em seu lugar, no seu elo de liberdade, na sua fragilidade de ainda não saber demonstrar o que ficou. E compreendo agora que nos teus olhos, ainda que haja o medo sucumbido dentre eles, só no teu escuro âmago podes demonstrar o quanto dói sair de casa e ter que encarar nada mais que o vácuo deixado por seus próximos passos. Sozinho.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Espectro de Irrelevância

Esmago a dor alheia com a indiferença que me é dada. Sinto o privilégio de sentir essa dor. Não é como esperar por tudo e apenas querer o bom. É experimentar cada pedaço, ser exposto a cada influencia, e sofrer a ação de qualquer um que tente te alterar. É chegar a passar pelo lado ruim e terminar. Silêncio. Terminar? Sim. Alguém deve ter se esquecido de te dizer que quando caímos é para que possamos aprender como melhor levantar da próxima vez. Alguém deve ter se esquecido de te dizer que quando o Acusador se levanta, é para que seja derrubado de novo. Você sabe, você sabe... Não, você não sabe. E é apenas a sua alma que está em jogo.

 Encontro todos olhando para fora, por fora, e de fora; alguns fecham as janelas para não se chocarem com o que está crucialmente torpe, desagradável, rudemente feio lá fora. E na realidade, é tudo o que há. Da forma como vemos, tudo se resume àquilo. E a batalha está aí. Em mais um dia cinza-claro, com todo o dilema do dia anterior acontecendo uniformemente. Você disfarça. Vira as costas e vai embora. Parece que é suficientemente corajoso para ir atrás daquilo que possuía antes, quem sabe a felicidade. Mas como disse, apenas parece. Porque a tua abstinência da própria vida, de como foge de todos os teus embaraços, da imprudência de pouco se importar e se pôr a frente de si próprio é o que dói. Dor que corresponde à compaixão, pena.

 Quando se olha no espelho não se sente indigno de possuir uma vida? Digressivo, se esmagando sem tocar. Mas eu sinto esse privilégio, eu sinto o silêncio. Enalteço. Porque é degradante conhecer pessoas que simplesmente existem. Existência pacífica. Existência figurativa. Existência mórbida. Inexistência. Alguém deve ter mesmo esquecido de te dizer muitas coisas. Sobre quem você é. Sobre a vida que você tem. Sobre a vida que você simbologicamente vive... E pensando melhor, o que esmago não é a dor alheia que ressurge na tua indiferença. Porque isso nem me toca. Mas é a forma que você encararia ao descobrir que esse Alguém que te escondera toda uma vida feliz do seu próprio lado, não tivesse sido ninguém menos que Você.

Sente o privilégio? Porque agora, a dor é somente tua.

sábado, 15 de novembro de 2008

Crepúsculo

Ás vezes eu me deparo observando o sol nascer, as nuvens ao redor, fragmentadas ao fundo, em tons gradientes poetizando a aurora. E então percebo que estou sozinho ali. Perco-me em meio ao que devo fazer. Sinto-me preso àquela sensação de perda, de abstinência. Tento suprimir a falta desse algo que substitui várias coisas em mim, principalmente meu tempo para pensar. É o momento de se fazer algo. Talvez voltar para a minha habita rotina. Retroceder e ir. Voltar e ceder. Perdurar, permanecer. E por mais que eu sinta a dor da monotonia, o que se segue a partir daí é somente a crescente nostalgia.

 Quem sabe se talvez eu tivesse uma válvula de escape entorno de mim, creio que eu já teria puxado-a. Porque antes eu deixe que os cacos se estilhacem diante dos meus olhos, e me ceguem; do que eu permita que esses mesmos olhos soltem uma única lágrima ao verem aquelas almas sendo tomadas e caminhando perdidas. O que ostenta essa razão, esse misto de sentimentos, é o que deturpa a vontade que eu tenho de ajudá-las. O nome disso pode ser saudade, medo... Ou um triz de esperança. O que eu espero? Espero ouvir os velhos timbres que me equalizaram desde o dia em que caminhamos juntos. Espero saber o que fazer quando isso acontecer. Espero que algum dia ainda aconteça. Espero que juremos nunca mais nos separar. Espero não esperar demais, antes que nada mude e tudo continue na mesma. É o que espero.

E como se eu estivesse disposto a restituir, sem eloqüência, sem distinção, ou até mesmo evitando a inadimplência de culpa, eu ainda estaria sentindo o quanto eu perdi. Talvez o bastante para eu pensar várias e várias vezes a possibilidade de, quando a saudade bater, numa madrugada insone qualquer, eu puder ou não ligar para algumas dessas almas, e dizer "Foi muito bom ter conhecido você. O bastante para agora eu estar sentindo tanto a sua falta. 21 Dias" e então quem sabe, "Adeus." Espero que eu não me arrependa de fazer isso. Porque eu sei que depois disso, o tempo vai passar todo em câmera lenta, apenas para que eu sinta cada partícula de mim se esvair. Apenas para que eu reflita sobre cada palavra dita. E lentamente até que reste somente a doce sensação da brisa, eu vou abrir os meus olhos e diante deles a única coisa que conseguirei enxergar vai ser a luz do sol nascendo, e todas as nuvens se fragmentando em tons gradientes.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Cara

Eu conheci um cara. Não faz tanto tempo. Um cara que sempre dizia "eu não sinto saudades"... Mas que começou a sentir. Sempre que conto essa história as pessoas tentam ajudar esse cara. Uns dizem que ele mudou o conceito. Eu não acredito nisso. Não acredito que as pessoas mudem. Eu tenho esperança em relação as pessoas. Mas esse cara? Esse cara não sente pena. Quebrou a cara tantas vezes. Esse cara não sentia saudade, nem frio, nem medo. O medo dele não era de sentir medo, apenas não queria estar lá quando isso acontecesse. Esse cara já se machucou com os espinhos enquanto agraciava a beleza da flor. Pobre cara. Esse foi mais um dos caras que se perdeu tentando se encontrar. Mais um dos caras que tentou ser alguém. Mais um cara como você, tentando não se perder. Tentando não se encontrar pra não ter que descobrir mais tarde que se perdeu. Dizem até que esse cara aprendeu a amar. Um cara iludido, desiludido. Um cara que pôde ser o que quis, que pôde ser o que seu destino quis que ele fosse. Esse cara tinha família, trabalho, era honesto. Era um cara qualquer, um cara com a cara de qualquer um. O problema não era o fato desse cara não ter tido tudo, Até porque quem não tem nada... Não tem nada a perder. Ele tinha algo. Talvez fosse a si próprio. Não que ele fosse O cara. Mas... No fundo no fundo, ele não era apenas um cara.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sonho Novo

Eu tive um sonho. Faz algum sentido eu querer dizer? Não importa. Eu sei que para você pouco mudaria sua vida se soubesses o que era, quem estava, ou o que acontecia ali. Essa é a sua liberdade, você pôde escolher entre começar a ler isto ou continuar até onde eu decidir que chegou o instante certo de parar. E essa minha abstinência, minha prudência egoísta, meu ego majoritário não é tão maior quanto a parede que nos separa. Você quem quis assim... Mas eu pareço chorar? Não, não por hoje.

O toque, o calor humano. Algo chamejante que me desperta profunda emoção. É, tão delicado e ao mesmo tempo sentindo tantas sensações. Parece que o mundo gira com você encima, ou, você gira encima do mundo... Do meu mundo. Tanto faz. Mesmo sem a pretensão de que acontecesse algo, você apareceu. É, apenas um sonho. Não me culpe, eu não decidi a sua participação, eu não fui o responsável pelo que você fazia. Fazia, fez. Nunca fará.

Não é bem assim? Eu me sinto fraco, não me refiro mais ao sonho. Digo que não suporto o desleixo, não suporto a falta, a procura, o medo de nunca mais ter aquilo que eu nunca pude... Tocar. É como se eu sentisse a falta daquilo que eu ainda nunca senti. Estou dizendo de como me senti diante do que você fez com que eu me sentisse diante de sua majestade. Eu estou aqui, apenas eu aqui. E você aí. Madrugada insone, não?! Se houvesse alguma maneira, eu te diria: "- Ei, vem sempre aqui?". Tudo bem. Eu sei a resposta. Só não posso te tocar, falar contigo, te sufocar com todas as minhas vontades, mas posso saber, posso sonhar. É insuficiente essa nossa sede. E então, olhando pra mim, como antes você dizia – ‘Onde está o novo?’. E eu olhando para trás, como numa última vez ‘– Eu estava procurando em você.’
Virando as costas e seguindo em busca de uma nova direção.

sábado, 9 de agosto de 2008

Enquanto eu Sonhava

Partiu de mim todo esmorecimento pra uma cláusula que se extraviou precocemente. As cinzas que você me entregou serviram para equalizar teu reflexo. Me mostrou que você é apenas tudo aquilo que eu vejo nos outros. E isso é pouco. Então, pare de tentar transvasar para longe daqui. Sinta a patética analogia. Você não soube aniquilar algo que podia te sucumbir subitamente, fazer-te dissipar-se aos poucos. Então todo esse temor podia ter ficado lá, bem lá naquele penhasco. Mas você preferiu direcionar o seu modo de ver as coisas. Quis que eu me conformasse com aquilo que você pediu pra alguém me entregar. Eu não esperava um abraço, um afago, uma alcunha. Eu francamente esperava por nada.

Porque enquanto eu sonhava, você se preocupava com o meu bem-estar, você realmente estava ao meu lado... Mas estava porque se sentia bem me dizendo o que eu não podia ser. Olhe, quem você se tornou? O circunspecto das suas palavras não ressoou aqui dentro de mim, mas, e em você? Desabono suas intrínsecas chantagens, as suas demasiadas promessas. Eu estou bem. Eu não acreditava que assim que você me deixasse, eu agüentaria mais do que um dia sem tua presença, mas o tempo passou e eu acredito.

Enquanto eu abro a janela, eu sondo tudo aquilo que eu te dizia sobre nossa felicidade. Eu te devolvi um mundo, eu queria que você olhasse para ele e me visse lá. Mas, você me entregou minhas coisas, partiu por seus sonhos. E no extremo de tudo aquilo que eu sempre quis, eu tive de escolher entre tudo aquilo que eu nunca tive. Não pude me estremecer com a sua escolha. A minha singela esperança não era tão mais presente quando eu pensava que você poderia vir a conseguir amar alguém como você me amou, mas mesmo que conseguisse, a perda maior ainda seria sua, porque nunca mais alguém te amaria tanto nessa vida como eu te amei. E então você saberia que a falta que esteve em mim, não era somente eu quem sentiria. Porque enquanto você buscava o novo lá fora, eu tentei entregá-lo à pessoa que eu mais amei em toda minha vida...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

21 dias atrás

Não posso mais olhar para trás. Você vai compreender minhas razões. Não estou buscando entender ou encarar qual foi o plano de Deus pra mim, nem se realmente houve um plano de Deus pra mim. Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Eu duvido muito. Sequer acredito que Deus escreva. Eu escrevo para me manter lúcido, mesmo que pra mim agora, lucidez seja o que menos importa. Escrevo para mudar o que há de errado no mundo, e principalmente, nas pessoas que podem mudá-lo. Escrevo pra provar minha própria existência. Deus não precisa de nada disso, isso acaba se tornando desejos mundanos em demasia. Eu que almejava ser muito bom, por causa disso não pude ser melhor.

Percebi que muitas coisas mudaram ao meu redor, muitas pessoas mudaram muitas coisas. Acredito que por onde eu estive deixei o necessário, acredito que consegui colorir fotografias cinzas. Talvez a cor não fique por muito tempo, mas, a minha vitória não estava em conseguir, e sim, em tentar. O meu temor não era o de guerrear, mas, temer em não ir á guerra. Eu acreditei tanto numa vida melhor que acabei não tendo como socorrer a minha. Sabe, eu e você... Não, não você. Mas, você e eu contamos as melhores mentiras e fingimos acreditar nelas. Tomamos caminhos distintos, e talvez nesse seu caminho, você tenha pegado uma carona e não tenha me esperado como o combinado. Acreditamos em nossas próprias mentiras, fomos culpados por um crime que nós mesmos cometemos e denunciamos. Eu não tenho pena de você, eu não sinto saudades suas, eu não sinto rancor, eu não sinto desejo, eu não te amo... Eu não te sinto. Não mais. Reparação.

Sobre dar valor, o que é valor? Afinal, atribuímos um valor a uma pessoa quando ela está ao nosso lado e sabemos que ela vai estar constantemente ao nosso redor. Mas e quando descobrimos que ela nunca mais vai estar? Que nunca mais poderemos olhar nos olhos dela e nem mesmo dizer algo que decepcione? Algo que realmente não valha a pena ser dito, uma asneira qualquer, alguma coisa que nos perca em nós mesmos ou até um 'eu te amo' singelo e redimido pra terminar o fim de tarde? Dar valor... Nunca me ensinaram a ser grato. E eu aprendi da forma mais difícil. É, talvez eu tivesse razão. Ou não.

Porque aquela foi a última vez em toda nossa vida que nos olharíamos. 21 dias, após todo o restante. Aquela foi a última vez que nosso olhar se cruzou e nossa boca se entorpeceu para dizer somente um simples 'tchau'. Não se chateie comigo, eu não estava te evitando, eu não estava querendo que você não viesse até mim. Eu não sabia que quando eu pusesse meus pés para fora dali, eu jamais te veria novamente. Ou veria qualquer outra pessoa. Eu nunca cheguei a pensar que você derramaria suas lágrimas por mim, assim que eu estivesse definitivamente... morto.

– A sensação é boa, não?
– Eu não sinto nada.

The Hitcher, 2007.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Apenas assim

De frente a mim mesmo. Não posso ver ninguém ao meu redor. Simples... Pois não há. E não há ninguém não porque eu não queira, não porque eu tenha deixado claro o aviso de me deixar a sós com a minha pobre e tão cintilante tribulação cotidiana, mas talvez por eu me esbarrar demasiadamente em desconhecidos e deixar que esses suguem de mim, toda a soturna e agravante forma de vida que eu levo.

Meus pés tocam o chão, de modo que, a cada passo, eu saiba exatamente onde eles ainda vão tocar. Esse é o velho sentido do tato. Essa é a minha primeira sinfonia. Os timbres e os pés tocam a alma, a deixa leve e pura. Imagine o quanto a vida seria um eterno espetáculo se vivêssemos um dia de cada vez. Sem ontem, sem amanhã. Sem nunca, nem sempre... Apenas assim.

São tantas as coisas que eu gostaria de dizer para algumas pessoas. Não as melhores pessoas, apenas as melhores coisas. Pessoas únicas da forma com que reflito sobre elas. Gostaria de levá-las, arrancá-las dos trilhos que as seguram, tirá-las de suas vidas exaustivas e monótonas e ter a chance de entrega-lhes algo melhor.

Eu vejo a ordem dos fatos dessa forma. É como receber um presente. E uma ofensa é um presente. E se te entregam um presente e você não o aceita, a quem pertence o presente? É... A quem tentou lhe entregar. Jamais machuque ou apunhale os outros porque eles fizeram algo ruim contigo, apenas fique em silêncio, para que através disso, eles possam perceber que o que eles fizeram, está ecoando.

sábado, 12 de julho de 2008

Você me conhece?

Não aja como se me conhecesse. Não simule o meu próximo passo. Eu posso parecer caminhando pra você, mas talvez eu esteja ensaiando um novo passo de dança para o mundo. Apenas preste atenção, mesmo que não seja capaz de compreender. Porque tudo o que você sabe sobre mim, é tudo o que eu deixei que soubesse. Antigamente, eu era um bom moço e tinha meus defeitos. Hoje em dia eu sou só alguém que com ou sem defeitos, bom ou não moço, apenas vive da melhor forma que me foi concedida. Não que eu seja diferente de todos, claro que não! Quem sou eu? Eu sou igual a todos vocês. O meu diferencial está em admitir isso.

Cansei de me abalar por pouco, de guerrear pela coisa errada, de partir em busca daquilo que esvanece e que se perde no caminho. As verdades ultimamente não estão me abalando como cinco anos atrás. O mundo está reagindo de um modo completamente inverso do que eu buscava para mim. Então olhe pra mim e fale comigo. Eu estava em coma, desde que nasci eu permaneci ali. Talvez um pequeno inseto tivesse me picado e eu houvesse acordado. “Ação” e “reação”. A minha reação está sendo em transpor a minha aflição em forma de desabafo. Está em me manter de pé, mesmo me olhando no chão. Ainda assim, eu estou bem... Caso eu não esteja, eu ficarei.

Estou esperando a próxima estação, pegar as minhas coisas e descer por lá. Talvez você não me veja mais tão cedo. Talvez porque eu não queira que você me veja, ou porque eu não volte pra hora do jantar. Enfim, não me espere. Não quero que ninguém faça por mim o que não costuma fazer por si próprio. Tome cuidado. Eu não estou aberto para sugestões, então mesmo se você abrir a merda da sua boca pra falar asneira, isso não significa que eu vá relevar o que você disser. E sabe por quê? Porque talvez eu não esteja nem aí!

Apenas me beije e deixe que o mundo gire. É o que ele sempre faz, não é? Pois ultimamente, quando nossos olhos se encontram alinhados, meu coração também pulsa mais forte e dentro de mim alguém sussurra: "Abra seus olhos". Isso significa algo pra você? Soa familiar? Esta não é a minha melodia do amor não correspondido, talvez seja a melodia de toda minha confusão e profusão do que seja o amor. Mas talvez eu não esteja nem um pouco confuso, mas se agir como se estivesse, você acabaria ficando. Então, ainda pensa que me conhece?

Pior do que pessoas que você sabe bem do que são capazes, são pessoas que estão ao seu lado, mas que você não tem a mínima noção do que são capazes de fazer quando você não estiver com elas. Eu tinha me envolvido demais. Agora estou fazendo com que pessoas importantes desçam do último estágio do meu pedestal... Sei que se eu tentasse ajudá-las, mais tarde elas me mostrariam que eu seria obrigado a empurrá-las. Se eu fosse tudo o que eu disse até hoje, se eu fosse tudo o que eu já passei para os outros, se eu fosse... Eu não seria nada.

Eu caminharei sendo eu, com ou sem alguém ao meu lado. Um homem é formado pela forma como vive, não como vive. É formado de como age diante de seus inimigos e não como comemora sempre com os amigos. Um homem não depende de ser alguém por simplesmente ser, mas da forma como encara como os outros querem que ele seja. Se quiser um bom conselho, vire a esquina e pergunte a qualquer um, mas se quiser um conselho gratificante, continue lendo... Não tente me entender, eu não quero te julgar, muito menos entender porque você me julga. Olhe com seus próprios olhos para mim. Pois talvez se você vivesse a minha vida e sentisse tudo o que sinto, você compreendesse a falta que isso me faz.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Um Desconhecido

Certa vez, minha mãe me deixou na casa de um desconhecido. Desconhecido apenas para mim. Por mim tudo bem, minha mãe sempre foi "freneticamente estranha". Ela me deixou com esse cara usando o pretexto de que esse antigo amigo dela me levaria para a igreja. Ambiente no qual me agradava muito ir na época em que eu e ela íamos todos os dias. Mas enfim, o desconhecido começou a se interessar pela minha vida, de forma estranha para uma criança como eu. O que ele quer de mim? Tudo podia passar pela minha cabeça, menos uma coisa. Menos uma única coisa...

Os dias foram se passando até que os meus laços com esse novo amigo, agora menos desconhecido, foram se formando. Até que ele me levou junto para a fazenda do seu tio. Eu nunca fui muito assíduo em fazendas, preferia me manter bem distante. Mas eu fui, não lembro por qual razão. Só sei que eu podia me ver lá. Talvez eu tivesse me entregado ao que antes eu julgava de forma equivocada.

Depois dessa viagem, voltamos para a cidade. Algumas semanas se passaram até que, ao sair do banheiro logo após tomar banho, vejo o desconhecido no sofá da sala com um envelope em mãos, na minha casa, ao lado da minha avó e minha mãe. Eu desconhecia as razões, era necessário não me sucumbir. O que era aquilo? Me vesti e fui chamado para a tal reunião. Não me lembro o que minha avó disse, não me lembro o que minha mãe ou até o que o novo amigo disseram. Não me lembro quais foram as palavras ou se tiveram algo a dizer, antes que eu descobrisse que o desconhecido que havia conhecido a pouco era simplesmente meu pai.

A partir daí, tudo aconteceu muito rápido, minha vida passou diante dos meus olhos e estalou. Precisei de alguns meses até conseguir entender quem ele era pra mim agora. Precisei de tempo até que conseguisse chamá-lo de pai. Até que, consegui. Não pareceu tão difícil. Tínhamos fé de que pudéssemos recuperar o tempo perdido. Tínhamos esperança. E como eu já disse pra vocês, medo e esperança andam juntos. Correndo ou caminhando lentamente estão por aí, dentro de quem quiser esperar uma nova porta se abrir sem que tenha a coragem de ir até esta e puxar a maçaneta.
Hoje em dia, eu tenho chorado por ele, ou melhor, por nós dois. Depois que ele me conheceu, toda sua vida também mudou. Não só por minha causa. Alguns meses depois de sabermos da existência significativa da vida um do outro, uma desconhecida entrou em sua vida e eles tiveram uma filha. Eles se casaram por causa da garota, pelo medo que meu pai tinha e tem da desconhecida tirar sua filha de perto dele. E penso eu, eles não se amam. Como são da igreja, vão terminar suas vidas casados. Casados, ou acorrentados, como preferirem chamar. Eu choro pelo meu pai, eu choro quando ninguém pode me ver. Eu choro muito quando penso que, mesmo morando na mesma casa e nos conhecermos há cinco anos, ainda somos desconhecidos um para o outro.

sábado, 5 de julho de 2008

Eu apenas você.

Eu não queria saber o que você era, ou quem você era... Eu também não queria saber o que as pessoas pensavam de você... Nem o que você representava para elas. Que se danasse tudo o que não fosse o amor. Eu queria apenas ter te mostrado o que você conseguia me fazer sentir. Mas se ainda assim, você não conseguir entender nada do que eu disse até agora, então saiba que... Eu apenas te desafiei a ser feliz do meu lado.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Novo

À procura do novo. De novo à procura do não cessante. As velhas cicatrizes se tornaram a melodia do esquecimento, uma das minhas melhores melodias. Deixei tudo o que vivi para trás, cansei dos meus próprios rastros, cansei de olhar para trás e de não ver nada além das emoções parciais e paixões não correspondidas. Tudo banal demais pra esse ser que está se transformando demasiadamente aos poucos. Não aceito mais presentes, cansei. Se eu quiser algum mérito na minha vida, eu mesmo irei buscar pelo que ainda falta. Não quero que alguém tente preencher o que apenas eu sei o que falta para que esteja completo.

Os piores presentes costumam chegar dentro dos melhores - talvez também, nos maiores - embrulhos para esconder o que por dentro, são presentes troianos, cavalos de tróia, e não tenham significado algum. Talvez por isso muitos não consigam ser gratos ao valor sentimental dos detalhes, emoções e sentimentos que vivenciam. Porque quem caminha para encontrar o que tanto almejou, não valoriza o caminho percorrido. Porque quem quer chegar até o topo da montanha não sente a brisa enquanto sobe, não sente o quanto está vivo para chegar até o esperado. As pessoas estão se tornando devaneias e insensíveis demais, estão se tornando fantoches de suas próprias situações e emoções. Provam seus sentimentos para os que não são merecedores de uma só lágrima derramada.


Há tantas pessoas que abaixam a cabeça diante de suas dificuldades e problemas. Há tantos problemas em tantas pessoas. Não acredito que obstáculos venham para quem não os pode vencer. Não é quanto se faz, é como se faz. Eu só quero uma chance, eu farei por mim. O novo não tem que ser primordial nem derradeiro, vou apenas discernir quando souber que está mesmo acontecendo. Quero diferenciar de tudo o que já vivi e senti. Pois o meu cansaço não estava em todo o caminho que percorri até o cume da montanha, mas no tempo que perdi enquanto não caminhei.

sábado, 21 de junho de 2008

Closer

Passo muitas vezes pela vida de pessoas que fingem não me reconhecerem. Pouco vínculo? Não. É o desdém do que ainda resta do que acham de quem eu sou. Estas pessoas se esqueceram - ou não sabem discernir - o fator passado com o fator presente. Primeira vista, primeira impressão, primeira vez... As primeiras vezes são sempre as últimas. Porque se você nunca fez algo, mas ao fazê-lo pela primeira vez, então esta foi a última vez que você deixou do 'nunca' até fazer. Não há embaraços. Não estou escrevendo dessa vez para querer chocar. Eu falo esperando que entenda, mas não espere que eu viva esperando que note...

O fato de você existir - não digo viver, porque talvez nem isso você faça mais -, e sua passagem se encostar na minha, não te dá o privilégio de me conhecer. É, ultimamente estou cobrando pedágio para quem quiser me conhecer. Porque tudo o que vocês sabem de mim - sem exceções, pessoal! - é apenas o que eu deixei ou quis que vocês soubessem. Como alguns dizem, o resto é resto; e, os outros são os outros. Mas eu guardo comigo, o melhor de mim, o meu melhor, para que na hora certa - quem sabe nunca chegue - eu faça bom proveito.

Seis graus de separação, conhece? Mil atalhos te levam sempre a mim. Somos duas estradas que se cruzam durante muitas passagens, e pode passar quem for por qualquer uma delas que sempre restaremos nós lá. Mas o desnecessário é o que você faz por mim - e sim, você faz alguma coisa por mim -, seu jogo de cintura já não me atrai como antes, se é essa a intenção. Se fossemos peças de um jogo de tabuleiro, acredito que restaria apenas eu e você. Está sentindo o baque? Xeque-mate.

Eu já senti alguma coisa por você, mas eu nunca parei na sua estrada para pedir informação do que era. Eu nunca deixei me apegar demais aos seus conceitos, virtudes, vícios e dramas. Você se tornou um personagem intrínseco nessa minha história. Pode soar engraçado, mas você parece ser alguma espécie de personagem central, porque pode ocorrer o que for que você sempre aparece ali. Mas, detalhe: nunca apareceu sozinho. Não que você não consiga se manter de pé sozinho, mas talvez porque tenha medo de cair do salto e quebrar a cara. Desculpe, não agüentei não usar um pouco do meu sadismo até agora.

Todas as suas primeiras impressões sobre mim foram equivocadas. Eu não quero que você me conheça, eu quero que você queira me conhecer. Eu não penso em me vingar de você, ou de quem for, porque isso é perca de tempo. O meu prazer está bem mais em mexer alguns pauzinhos e ver logo ali na frente, vindo até mim, todos aqueles pobres arrependidos.

Eu pareço estar - ou ser - possessivo, dramático ou iludido? Não me entenda mal, mas isso aqui nem é pra você que está lendo isso. Você não chega perto de quem eu estou falando, mesmo que ninguém esteja me escutando. Essa é uma batalha sórdida, uma luta livre, um ringue de separação sem grau algum. Aqui há apenas eu e você. Eu com todas minhas palavras e meu maniqueísmo, Você com todos os seus devaneios e atitudes (mal) elaboradas. Se você ama me odiar, isso eu não sei. Mas que você (se) odeia (por) me amar, ah, isso não me resta dúvidas!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Acredite, e desfaça

Fizeram a gente acreditar que para sermos felizes, precisarimos ser alguém importante para os outros ao redor. Não nos disseram que isso é apenas o que acontece quando decidimos viver pela pessoa mais fascinante que sempre esteve aqui, nós mesmos. Fizeram a gente acreditar que amor mesmo só acontece uma vez, geralmente antes dos 30. Não nos contaram que amor não é acionado, não chega com hora marcada, nem acontece uma só vez. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar que os gays não merecem respeito, e nos ensinaram a difamar outra pessoa chamando-a de gay. Fizeram a gente pensar que a cor define caráter. Mas não nos contaram que por dentro, todos temos uma cor única. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e charmosos são mais amados, que os que ficam tímidos são gays, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. E também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por si mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

Obs.: Transcrito por Igor Palhares

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Destinatário Desconhecido

Escrevo para alguém que não conheço, apenas para que compreenda. Alguém que não me encontrou no caminho certo, no momento certo, no dia exato. Alguém que não participou dos meus piores desesperos, e que não enfrentou comigo o marasmo. Alguém que não esteve aqui pra me abraçar e me entorpecer, enquanto todos me atearam pedras. Alguém que não se esbarrou em mim e nem deixou cair alguma coisa, por cautela. Maldita cautela, tão importuna! Devo deixar claro que os tropeços e acasos têm tamanho poder sobre nossa vida? Tudo bem... Embora eu queira continuar proferindo a alguém, sinto que não tocou minha mão, e nem me deu um abraço ainda... Mas, não há necessidade em ser hoje. Eu não estou marcando um encontro, e isso não pode ser encarado como uma promessa. Não que eu não me suporte ou esteja necessitando de alguém, só é mais agradável estar acompanhado e ter com quem rir e chorar. Isso pode ser engraçado, me pegar escrevendo como um apaixonado para quem desconheço, ou isso é deprimente. Tudo é relativo. Além do mais, fazer alguém feliz é o maior ato da minha felicidade.

Então se você batesse na minha porta e caminhasse comigo, eu não iria até o caminho traçado, pois ele leva somente até onde os outros já foram. Eu te levaria à um lugar e te mostraria o que seus olhos nunca viram, não seria algo sólido, algo sórdido, algo impuro, ou até, algo (sur)real. Mas, algo que surgisse de dentro. Em mim, em você, embora ainda não... Mas em nós. E, penso no que eu te diria se você estivesse bem aqui, na minha frente, ou ao meu lado, por poucos minutos.

Queria que estivesse perto, e se está, que estivesse mais perto ainda, porque perto como está é longe demais pra mim. Você nasceu há tempos, cresceu aos poucos, e está por aí. Você pode ser alguém que eu rejeitei, ou a ligação a cobrar que não fiz questão de atender. Você foi ou é? Você é ou será? Ou melhor, será que é você? Carrego nas costas um sentimento incompreendido por mim mesmo; auto-sustentação e desejo por alguém que estivesse comigo. Pois, meu coração não está quebrado, continua a pulsar. Pode ser um equivoco eu querer me equivocar. Não vou culpar ou reclamar com o destino ou com o 'velho' acaso, talvez tenha algum sentido não nos conhecermos ainda. Você é alguém que talvez, sem querer se atrasou, mas que pode ter salvado uma vida... Talvez quem sabe, a minha?

terça-feira, 10 de junho de 2008

Colossal

Há uma luz no final do túnel. E estou apenas de passagem por esse lugar. Não há mais como relutar sobre aquilo que deixei para trás. Eu não vou combater os temores e olhares inseguros dos que não querem minha presença. É seguir adiante, ou parar no próximo pedágio de sobrevivência. Já vi que a nostalgia é apenas a passagem de pensamentos mal ordenados por circunstâncias que poderiam ter sido melhores. É tão recompensador você viver algo de modo que você saiba quando irá terminar. Pois só conseguimos mudar o ponto de vista sobre algo quando sabemos que vamos perder aquilo, ou quando já estamos perdendo. Mas enfim, não estou aqui para falar de perdas, mas do que podemos ganhar quando nos perdemos. Porque quem eu sou odeia quem eu fui... Escapei por um triz do que eu chamo de algo colossal.


Um ano atrás, eu me sucumbia e me difundia em prantos. Não havia um motivo, nunca houve... Não há. Apenas sentia a dor de não saber o que estava doendo. E isso, foi o meu escape. Foi a minha mais brilhante fuga da prisão que eu próprio criara. Em pouco tempo, eu estava decidindo se valia a pena viver. Lamentava-me por aquilo sem sentido. Eu me desfazia, eu precisava de alguém que escutasse o que eu tivesse pra dizer. Mesmo se eu não tivesse palavras para isso. Chegou o dia em que disse para minha família que eu não estava nada bem. Sem reação. Naquela época eu tive uma das maiores provas da minha vida... eu estava sendo deixado de lado num momento crucial pra mim. Como se eu estivesse num precipício, e as pessoas que eu mais confiava se recusassem a me ajudar a não cair, ou quem sabe, pular. Isso foi a queda, foi a perda... E fez com que fosse meu maior ganho. Eu olhei para o mundo de outra forma, eu me vi e se eu não lutasse por mim a partir daquele momento, a guerra nunca terminaria. Fugi do disfarce de não me agüentar, resguardei a melhor parte existencial de mim e percebi que a rejeição, não a adulação, foi completamente necessária para que eu, hoje, valorizasse a minha vida. E é, eu tenho um chamado. Não fomos jogados ao mundo, não é por acaso que você está lendo isso. O propósito é muito maior do que se pode ver. Porque se o que conquistamos estivesse sempre ao nosso alcance, não poderíamos sonhar mais alto. Morríamos na queda da perda... Mas eu? Não, nunca mais. Quando estamos diante de acabarmos com a dor que atormenta nossa vida, e nada dá certo, descobrimos que não vivemos pelo simples fato de existirmos.

Porque o mar não termina no horizonte pelo qual o vemos passar.


PS: O que não nos mata nos deixa mais forte, certo?

sábado, 7 de junho de 2008

Garoto Ingênuo

Garoto ingênuo sem medo da esperança. À procura de algo sem nome. Indefinível. Um garoto com olhos sentimentais, tratando o ódio com amor. Tentando o melhor ser, testando o inexplicável sou. Crendo que tinha fé, acreditando no que diziam ser irreal. Passava a ser só mais um na multidão. Mas na verdade, um valendo por todos. Agonizando... não tinha mais medo da esperança; à procura da felicidade real que nenhum garoto ingênuo seria capaz de acreditar, mas que uma multidão de incapacitados de darem valor a um prodígio teriam ódio... Ele foi capaz de amar um por um. Só que, mataram-o. Mas, se faltava mistério, a glória o estendeu.

Ainda se perguntam porque ele continuava a sorrir ao partir de braços abertos...

Quer jogar?

A vida é um jogo e as cartas não estão sempre à mesa. Esta é uma perspectiva pessoal. Isso também depende de qual jogo a vida seja, ou, de qual jogo você quer realmente jogar. A vida pode ser um jogo de damas ou xadrez. Você faz da sua vida, seu jogo. Você decide viver ou vencer, em raras exceções, você não decide. Um jogo mal-intencionado leva o jogador a um devaneio. Muitos costumam dizer que se a vida é um jogo, nasceram para ganhar. Esses demonstram bem o que seria um devaneio. Se a vida é um jogo, a principal regra antes de você entrar como jogador é receber um corpo. E, por conseguinte lhe ensinarão lições e você só será especial dependo do modo que você contar seu jogo ou revidar sua vida.

Por enquanto, se fosse apenas isso, seria simples. Mas as oscilações é o fado de cada um. Você pode escolher entre jogar para vencer dos outros, jogar para vencer pra si, ou jogar de um modo que todos vençam. É, livre-arbítrio. Disseminamos as regras do jogo, e escolhemos se queremos fazer dos outros jogadores, adversários ou companheiros. Jogamos com a vida afim de que esta, nunca se acabe. Mas esse jogo tem sua duração. Enquanto ali, plantamos árvores, cujas sombras não esperamos sentar. Ação e Reação.

Nenhuma verdade é absoluta, e, viver não é o fim nem o começo, é apenas aquilo que acontece quando estamos entre existir e jogar. Quando se tem sorte no amor, dizem que há azar no jogo; ou vice-versa. Mas isso não é verdade. Isto não é como abrir os braços e não poder voar. Não é como sentir a brisa e não poder tocar. Qual é o álibi para os que deixam para jogar quando estão prestes a saírem do jogo?

Desistir é para os fracos. Não julgo quem não sabe jogar. Mas jogo com quem não sabe julgar.

A morte do jogador começa no instante em que ele desiste de aprender. E ser abstêmio não faz de mim um infeliz. Pois, quem sabe eu não esteja perdido, mas apenas fingindo não saber a direção. Quem sabe eu não esteja procurando por algo, mas apenas não dando valor ao que encontrei. E quem sabe então, quando você precisar de ajuda eu já tenha perdido a vontade de te encontrar. Porque antes de você reclamar da sua vida, imagine se nem isso você tivesse!


Bom jogo.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Se espero, o tempo não cura.

Se eu pudesse largar de mão tudo aquilo que me traz abstinência, eu já teria partido cedo por causa da minha provável falta de capacidade de lidar apenas com o agora. Se eu dissesse tudo o que sempre entala aqui no meu peito, pessoas ao meu redor sorririam mais, só que seria um erro dizer o que eu sentisse... Eu poderia não conseguir conquistar o que eu desejasse. Se eu pudesse ser um sentimento, qual eu seria? Eu já teria me debatido lentamente. Então esta não seria a melodia da falta. Aprender a almejar o menos distante me mostra que é algo bom.
Quando eu era pequeno, eu sentia um profundo medo - sim, nessa época eu sentia medo - de fechar os olhos todas as noites. Eu sentia medo de uma voz, que jamais ressoou na minha cabeça. Medo e esperança andam juntos, observe. Alguém podia ter esperança de nunca mais ter medo? Oh, sim... eu! O tempo não cura mágoas, falhas, percas, ou coisas que não foram concluídas; sequer perdidas como muitos desejariam. O tempo não tem poder sob nada disso. Nós que usamos o fator 'o tempo curou' para não dizermos 'eu evito relembrar'. Temo e espero que algum dia, muitos epitáfios já estejam mais poéticos. Você! É... Você mesmo! Você sabe do que é capaz? Já chegou próximo do seu limite de não ter como agüentar mais? Porque eu, sim, eu, não sei ao certo qual o meu álibi. Não sei se chego a ser sacana ou frio, mas sabe, as pessoas vingativas me dão ânsia. A minha sina está mais adiante, acho que vou suportar superar o meu rastro. Averiguar tudo o que sinto ao meu redor está me fazendo não colidir por acaso. Será o destino? Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons. E a esperança rege a cada degrau. Consegue subir? Quando não se sabe o caminho certo, nós quem fazemos nosso próprio caminho. E se enquanto houver vida, houver esperança, muitos não conseguirão suportar seus próprios medos. O tempo não cura os capacitados, nem os escolhe. O tempo apenas é o fator escolhido por quem sabe se capacitar.

PS: É triste um sentimento em você morrer. Mais triste ainda é você querer que ele morra... É, talvez eu seja mesmo sacana.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Conceitos?

Por diversas vezes, acreditamos mais no potencial dos outros do que no de nós mesmos. Nunca nos provamos por causa do medo que temos do que os outros possam presenciar. Medo do deboche, da crítica. Um auto-flagelo em meio ao descontentamento de não tentar. Isso é simples, não tentar. Não arriscar. O nosso medo de falhar nos leva ao mesmo lugar (de) sempre. Ficamos aqui, assim, aí mesmo, parados! E, então é bem mais fácil e, confortável, se acomodar à conceitos não formados por nós próprios e nem discuti-los, sequer analisá-los.
Abomino suposições que não nos levam, e que nem chegam a simplesmente nada. Mas bem, aprecio me contradizer e desfazer aquilo que não costumo fazer, apenas falar. Me é bem apreciável o novo, o surpreendente, o susto, aquilo que inova e renova. Aquilo que me envolve a primeira vista, ou não. Eu acredito em amor a primeira vista, não, eu quis dizer, eu acredito em atração ou mesmo numa paixão à primeira vista. Quem sabe por isso que nunca deixo de olhar para todos os lados ao atravessar a rua. Mas, voltando ao que preciso me focar: pré-conceitos.

Oh, o que no fundo todo mundo quer ter é paz. Eu sei que sim. Respeito isso, almejo isso. Existe vários conceitos sobre várias ações. Num cotidiano comum, estamos cheio de conceitos padronizados. Você assiste TV? Acha mesmo que tudo é verdade? Que Pena! Não, eu não estou entrando no conceito padronizado de que a TV é só alienação e é tudo embolação... Não, eu não penso assim. Mas, é preciso que você saiba que nem tudo o que você vê, é de fato o que acontece; e isso vale também para o restante das suas meras funções humanas (desculpe, é minha ironia), seu olfato, audição e tato. O que leva alguém a decidir tirar a vida? Quem sabe a culpa do amor não-correspondido, das velhas surpresas de cada dia indesejável? Ninguém quer tirar a vida, apenas aniquilar a dor de não conseguir vivê-la bem. E, então é só pensar: como alguém pode pensar em comprar tal livro se não soubesse que este existia? Sim, isto foi uma assimilação.
Gosto disto. Bem, talvez as pessoas morressem menos se não fossem informadas que desde pequenas irão morrer. Não é necessário mostrar a beleza aos cegos, nem dizer a verdade aos surdos, mas nunca mentir para quem te escuta e nem decepcionar a quem te ama. Dance, cante, faça, escreva, roube um beijo, diga eu te amo, elogie, chore, grite, pule como se não tivesse ninguém te olhando, porque talvez quem sabe, as pessoas ao seu redor só não façam isso porque ficam com medo e pré-conceito do que você vai pensar. Deixe-se ser livre para ser livre, não aprisione ninguém. Não tenha conceitos de alguém que você sequer conhece, mas já rejeita. Talvez daqui a três anos, vocês sejam melhores amigos. Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos. Faça algo, mas mude e ajude a mudar o que resta do mundo.

Quem eu sou, deixe que sinta.

Eu não quero me digladiar, nem lutar contra meus pensamentos afagados em emoções noturnas. Eu não entro num belo choro há tempos. Francamente, eu não vejo um choro como sendo belo há mais tempo ainda. Talvez seja oportuno, onisciente. Ali guardado, ressentido. Talvez seja esse o sentimento que escapou da Caixa de Pandora com as velhas e equalizadoras lagrimas que escapam como um bebê prestes a nascer. E, contorcendo minha visão fazendo com que eu pense no que realmente eu sou. Eu não preciso mostrar sentido, provar que existo. Viver é uma busca, a parte mais interessante do jogo que estamos jogando. Sou o final do filme que abala e emociona, ou a capa daqueles que alguém jamais alugaria? Eu sou desprezível ou aceitável? Talvez seja estranho, mas eu e você tenhamos uma analogia, ou talvez não tenhamos nada. Mas se olhar de perto pode ver aqui, alguém como você. Alguém tentando achar o seu caminho. Alguém tentando achar o seu lugar. Alguém tentando se achar. Eu sou um instante, uma parada brusca. Eu sou quem? Eu sou alguém? Quando se ama, não há perdedores. Eu irei perdurar diante das perdas e finais infelizes? Eu serei feliz sem alguém aqui, ao meu lado? Por quanto tempo eu tentarei viver bem, e sorrindo? Eu agüentarei a barra? Quem eu sou, o que eu realmente tenho? Eu não sei. Se eu não gosto do que eu vejo no espelho, é mais confortável que eu o quebre. Não há nada que eu posso fazer em relação aquilo que não tenho. Posso recomeçar, conquistar, tentar, mudar a rota. Quem sabe, reprisar algo novo? Recriar algo velho? Tentarei mudar alguém que me ignora? Serei capaz de refazer uma nova impressão?
Eu não sou vingativo, me poupe de um ato tão baixo. Essa talvez seja a minha mais nova melodia: a de não saber quem sou, a de me arriscar ao desconhecido e me entregar sem perguntar pra onde me levará. A dúvida é o que move o ser humano. É um estímulo. É a assimilação da loucura dos sábios, e a notável sabedoria dos que amam; sim, os loucos. O amor nunca foi e jamais conseguirá ser provado cientificamente. Os que perderem tempo à procura de uma resposta a isso, verão suas vidas terminarem sem que tenham sentido algo sem que quisessem saber a razão. Razão vs Sentir. Esta é a única e genuína batalha do bem contra o mal. Então, se diante de mim o mar não se abrir, Deus fará com que eu ande sob as águas para que eu descubra o que é viver e que eu esqueça o que é ser alguém.

Medo

Tenho muito pra te dizer. Pra te balançar e fazer cair. Quero que você culmine completamente se é que ainda restou algo de você aqui dentro de mim. Isto não é uma Love Song ou Suicide Song, se é o que parece. Isto é apenas o chamado daquilo que nunca despertará novamente, fazendo com que eu trema minhas mãos ou coce meus olhos. Se eu soubesse hoje o que sei agora, não teria sentido viver o ontem.

Desconfortavelmente o passado só é passado quando nós deixamos que ele passe para então vivermos o presente. Arriscar é mesmo motivador quando se sabe que quando esquecemos aquilo que nos provoca ânsia e tremor, tudo se torna claro. Definitivamente não existe o escuro, apenas a ausência de luz. Nem frio, apenas a ausência de calor. Nem o mal, apenas a ausência. Sensações de coisas ruins e perigosas não me atormentam porque eu já te batizei com a pior das vinganças caro 'Sr. Medo'... eu te ignoro desde que descobri que você era o único motivo que me deixava calado. Agora... Quem é você para me fazer parar?

Real

O que eu te diria, se eu sentisse que precisasse te dizer algo? Até se eu dissesse algo, mesmo sabendo que você nem me escutaria, o que eu poderia dizer? Oh, talvez eu pudesse morrer tentando... Isso seria certo? Se eu tivesse dito 'não' quando você se indagou sobre 'nós', teria sido mais confortável pra mim quando acabássemos? Você fez de nós um jogo de virtudes jogado fora. Não culminaríamos por dentro se eu não fosse um anoético afetado e com tão pouca analogia a quem você realmente almejasse, não é?! Eu não sou quem você ilustrava com o lápis na sua imaginação. Isso era real? Se algo tivesse sido realmente definido, estaríamos afastados? Oh, talvez eu pudesse sobreviver sem respostas... Mas este foi um beco-sem-saída. Não foram mil lágrimas que eu derramei, nem chegaram a ser lágrimas... Foram apenas reflexões, reflexões e... Idem. Agora, o que resta da minha vida? Oh, diante desses amores platônicos, perdas, monstros internos e batalhas cotidianas... Talvez bem, algum dia a gente volte a se olhar como quem nunca se viu antes...

Monstros, sonhos e tempo.

Pouco a pouco, meus olhos se dissipavam daquilo que antes tentavam reagir contra o que eu sempre precisei enxergar e daquilo que agora fazia com que eu mesmo me jogasse para dentro daquele antigo universo paralelo que me dava a sensação de dejà vü. Minha voz já podia contornar o que antes fazia ela se estremecer, e já não era mais tão assustador eu ter que controlar a inércia dos meus pensamentos invasivos e tampouco reflexivos. Se eu não conseguisse me sobrepor aos meus inimigos que estavam rangendo dentro de mim, eu então poderia me despedir à eles com um simples gesto de adeus. E sim, esta não foi mais uma fase.

Foi preciso que eu acordasse a tempo de não pular em mais uma daqueles pedestais dos nossos sonhos. Foi necessário que eu me mantivesse de pé, mesmo diante de toda uma geração turbulenta e ansiosa. E eu posso dizer que, é preciso que acordemos a tempo de ver que monstros existem e podem estar bem diante daquilo que vemos à frente do espelho. E então, se me fosse oferecido palavras mágicas para que o tempo voltasse, eu tentaria esquecê-las. Porque, se eu pudesse voltar um pouquinho que fosse no tempo, não, eu não voltaria. E, se quer saber, agradeço a Deus por eu não poder fazer isso. Porque se pudéssemos ter uma segunda chance sempre, talvez jamais conseguiríamos compreender a glória de ressurgir depois de algum fracasso.

Fracassar me deu a chance de não cometer mais os mesmos erros, e mesmo assim, evitei errar e fracassar. Principalmente porque eu não viveria tempo o suficiente para cometer todos os erros do mundo. Então fui apto a aprender com os erros alheios. E é bem possível que chegue um dia em que eu queira prometer atos para alguém. Mas, tomara que não chegue o dia em que eu prometa sentimentos. Atos são pássaros engaiolados, sentimentos são pássaros em vôo... Não tenho o direito de prender alguém e de arrancar para mim o que não me é de direito. Então, anseio aproveitar cada minuto dessa vida, pois o tempo não volta. O que volta é a vontade de voltar o tempo!

Você, os outros? Não... Você.

Tento preencher o vazio que insiste em corroer e ocupar meus pensamentos sobre eu estar sozinho. Como eu posso suportar me deitar na cama e dormir todos os dias sem alguém ao meu lado? Talvez viver seja um sonho que ocupa a mente de todos, estando-nos em sã consciência ou em absoluto sono profundo, estando nos próximos ou longínquos de nós mesmos. Alguns de nós partimos tão cedo daqui, por tão precocemente ao nascermos já atribuírem tanta culpa e fardo em nossos ombros que o único modo de escapar é fugindo em silêncio. E partimos não para a morte, mas para outro lugar. Um daqueles que há somente em cada alma, e onde habita somente um único 'eu'. E pra não discorrermos de tantos artifícios que a sociedade nos obriga a usarmos, criamos e nos introduzimos dentro de um casulo. E em muitos desses lugares, podemos não nos ocupar por completo. Pode faltar algo, ou talvez, alguém. Só que discordo de mim em pensar que todo alguém precisa de outro alguém. Porque isso é utopia. Isso é uma ilusão de que não nos servimos para nós mesmos, ou que talvez, estamos incompletos sozinhos. Acreditamos que podemos salvar alguém de seus problemas, alguém de suas falhas ou tropeços no caminho. Que podemos ser vistos como heróis que coloquem 'o outro' com cores vibrantes, mesmo que eles sejam e não saibam apenas preto-e-branco; e desloque. Só que nos perdemos facilmente de nós mesmos, saímos do foco, para dar lugar a alguém que tão pouco conhecemos? E então nosso casulo se desprende da árvore que se mantinha. Há também, alguns que sentem temível receio em achar que se não procurarem a sua outra metade, viverão toda a vida consigo mesmo. E se for? Qual o problema você vê em você? Porque a estrela está aí em você, não precisa de sol ou mais estrelas para continuar brilhando. É como uma mãe que pode dizer que não será nada sem seu filho, mas então, o que ela era antes dele nascer? Penso que não é mais necessário entrar em detalhes de que a pessoa mais fascinante do mundo não precisa estar acompanhada de alguém para ir ao cinema seja a hora que for.

Entre mim

Algumas vezes eu preciso tocar em objetos sólidos para saber o motivo da qual eu existo, ou melhor, se eu vagamente posso realmente existir. A minha sombra pode ser confundida com meu semblante, e meus egos com a minha alma. E eu me difundo com meus pensamentos, todas as vezes que eu fico pensando em como seria uma coisa se ela já fosse algo. Mas daí, sai muitas meras soluções para dificuldades que eu acabo criando depois de já ter encontrado-as. Como se eu obtivesse uma resposta, sem anteceder a questão.

E ao encarar o espelho, minha voz se mantém a esbravejar toda sua ira contra si mesma. E pra não me machucar nas vezes em que eu me sinto melhor ao lado de alguém, e que mais tarde, venho sentir em mim, amor puro com ódio descontraído, eu busco não me prender a ninguém. Não me aprisionar, nem pedir penitência à algum dos sentimentos não correspondidos.

E a dor da culpa de não falar, da coragem sucumbida nas emoções parciais, eu me sinto na obrigação de me inverter por completo sem pedir licença a ninguém. Afago então, tudo o que pode ser bom pra mim, os meus sonhos e a minha esperança. E eu matenho meu maniqueísmo distante da minha mente, pra que eu possa repensar em como seria melhor se alguém me tirasse de ao menos uma daquelas batalhas colossais que a minha vida trava com as minhas vontades, para que eu possa não ter de escolher se eu sou o suficiente bom ou não pra mim mesmo.

Falta mistério?

Eu já pensei em mudar o mundo, mas já pensei em mudar do mundo que estou. Eu penso seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério. Eu fazia escolhas transitórias e algumas vezes irreparáveis. Eu pensava em como falei, como agi, como transtornei. Falta mistério? Não sei mais ser como os outros, soltando faíscas em exagero, puro tempo desperdiçado. O inferno é pior do que achamos, e qual poder ele teria se os seus habitantes não pudessem sonhar com o paraíso?

Falta o quê? Ser como você? Me aceitaria? Seria melhor comigo? Eu não entregaria os pontos, nem diria: "Xeque-mate". Simplesmente porque não estou aqui para jogar. Não nasci como muitos... Com um "grande futuro" nas mãos. Eu fiz o que fiz, agi como acreditava, me decepcionei, caí de joelhos cabisbaixo. Estava tudo tão escuro, eu não acreditava em mais nada. "Mudar o mundo"? Quem dirá que não?! Mas, falta mistério?

E os pregos se soltam com uma martelada, e os pulsos se arrancam com a batida da alma. Se meu coração não bate mais, é porque ele acreditou em ti e morreu esperando. Alguém me levanta diante de todos vocês, alguém que nunca percebi estar ali. E me diz: "Não temas, não é o fim". Os antagonistas da minha vida sabiam de cada passo, gesto, expressão que seria minha. Eu era comumente cheio de regalias. Chegou a hora de estar, ser, viver. Ser livre pode significar estar preso à alguém nessas horas. Pense um pouco. Você vai entender tudo. Chegou a minha vez. Faltava mistério?