terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Luz

No Natal, surge uma luz em cada um de nós que anseia por um abraço, por uma voz que nos diga sim, por alguém que nos ouça, por um vento que nos ajude a caminhar, por uma mão que nos levante se cairmos no caminho. Uma luz que nos une, seja para compartilharmos o pão de cada dia ou para desejarmos bons sentimentos uns aos outros.

E neste dia, em que Jesus nasceu como uma criança pobre mesmo sendo o filho de Deus, viveu humilde até o fim de sua vida, nos deixando a maior prova de amor da sua existência: deu sua vida pelas nossas vidas. Para fazermos a diferença, vivermos e amarmos como ele.

Por isso, no Natal, Jesus nasce novamente em cada um de nós. Para mostrar que dinheiro não compra as pessoas que amamos, para mostrar que os melhores presentes são as presenças dessas pessoas. Para então descobrirmos que não é necessário mostrar a beleza aos cegos, nem dizer a verdade aos surdos, mas nunca mentir para quem nos escuta e nem decepcionar a quem nos ama. E principalmente, porque o melhor presente que podemos ganhar não apenas no Natal, mas em toda nossa vida, é esta luz que surge em cada um de nós, o amor.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Maio

Ninguém vai me levar para casa. Eu poderia partir sem ir a lugar algum. Mesmo não indo. Fechando meus olhos e caindo no sono, num sonho em que eu caio de braços abertos mesmo lembrando que aqui eu não poderia voar. Porque não posso voar, como disseram que ninguém poderia. Ainda assim eu sonho em poder cair, como se me fosse dado a chance de saber que a queda e o voo estão me esperando. Que pode haver uma coexistência. Embora não acreditem e eu apenas continuasse a cair.

No que me restava encontrar à frente, o compasso passava intempestivo. Passava-se pelos meses e parou-se em Maio. Se em poucos segundos atrás eu caía, em menos tempo ainda eu abrira os olhos. Enxergava a escuridão a minha volta como uma luz cintilante que me trouxera de volta a casa. Isso me fizera sentir a sinestesia que meu cerne descoberto tentava abrigar-se, embora eu pudesse continuar a por em exposição, dentro de mim eu gritava por um toque da minha resignação em seu primeiro nome, Queda.

Sobrevivi conseguindo sorver a doce sensação da queda sem sentir o velho frio na barriga que me sorvia. Eu estava lá, pronto para desacertar, sem nada em mãos, e os desacertos me esperavam prontos para me reparar daquilo que eu imaginava ser meu limite, o chão. Se meu voo fosse meu desencanto, da queda à Maio, estaria eu me oferecendo a acreditar nisso, embora eu já estivesse caindo, e apenas acreditando que ninguém poderia me levar para casa.

"Por algum tempo, eu transitei em estado de alerta. Eu pude ver que, diante de cada um de nós, em seus meus maiores desacertos, ante a expansão que nos faz crer que somos maiores do que somos, somos apenas sobreviventes do nosso próprio impedimento."