sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Cara

Eu conheci um cara. Não faz tanto tempo. Um cara que sempre dizia "eu não sinto saudades"... Mas que começou a sentir. Sempre que conto essa história as pessoas tentam ajudar esse cara. Uns dizem que ele mudou o conceito. Eu não acredito nisso. Não acredito que as pessoas mudem. Eu tenho esperança em relação as pessoas. Mas esse cara? Esse cara não sente pena. Quebrou a cara tantas vezes. Esse cara não sentia saudade, nem frio, nem medo. O medo dele não era de sentir medo, apenas não queria estar lá quando isso acontecesse. Esse cara já se machucou com os espinhos enquanto agraciava a beleza da flor. Pobre cara. Esse foi mais um dos caras que se perdeu tentando se encontrar. Mais um dos caras que tentou ser alguém. Mais um cara como você, tentando não se perder. Tentando não se encontrar pra não ter que descobrir mais tarde que se perdeu. Dizem até que esse cara aprendeu a amar. Um cara iludido, desiludido. Um cara que pôde ser o que quis, que pôde ser o que seu destino quis que ele fosse. Esse cara tinha família, trabalho, era honesto. Era um cara qualquer, um cara com a cara de qualquer um. O problema não era o fato desse cara não ter tido tudo, Até porque quem não tem nada... Não tem nada a perder. Ele tinha algo. Talvez fosse a si próprio. Não que ele fosse O cara. Mas... No fundo no fundo, ele não era apenas um cara.

4 comentários:

Julio Melo disse...

cara, mto bom esse texto...
nunca conheci qm não tivesse sentido saudades...

faz parte do inconciente doido dessa vida imaginariamente nossa

Luara Quaresma disse...

Até o dia que ele passa a ser só mais um cara.

Rubem Rocha disse...

Taí o que é ser;

S disse...

"Ele tinha algo. Talvez fosse a si próprio."
adorei isso! *-*