sábado, 15 de novembro de 2008

Crepúsculo

Ás vezes eu me deparo observando o sol nascer, as nuvens ao redor, fragmentadas ao fundo, em tons gradientes poetizando a aurora. E então percebo que estou sozinho ali. Perco-me em meio ao que devo fazer. Sinto-me preso àquela sensação de perda, de abstinência. Tento suprimir a falta desse algo que substitui várias coisas em mim, principalmente meu tempo para pensar. É o momento de se fazer algo. Talvez voltar para a minha habita rotina. Retroceder e ir. Voltar e ceder. Perdurar, permanecer. E por mais que eu sinta a dor da monotonia, o que se segue a partir daí é somente a crescente nostalgia.

 Quem sabe se talvez eu tivesse uma válvula de escape entorno de mim, creio que eu já teria puxado-a. Porque antes eu deixe que os cacos se estilhacem diante dos meus olhos, e me ceguem; do que eu permita que esses mesmos olhos soltem uma única lágrima ao verem aquelas almas sendo tomadas e caminhando perdidas. O que ostenta essa razão, esse misto de sentimentos, é o que deturpa a vontade que eu tenho de ajudá-las. O nome disso pode ser saudade, medo... Ou um triz de esperança. O que eu espero? Espero ouvir os velhos timbres que me equalizaram desde o dia em que caminhamos juntos. Espero saber o que fazer quando isso acontecer. Espero que algum dia ainda aconteça. Espero que juremos nunca mais nos separar. Espero não esperar demais, antes que nada mude e tudo continue na mesma. É o que espero.

E como se eu estivesse disposto a restituir, sem eloqüência, sem distinção, ou até mesmo evitando a inadimplência de culpa, eu ainda estaria sentindo o quanto eu perdi. Talvez o bastante para eu pensar várias e várias vezes a possibilidade de, quando a saudade bater, numa madrugada insone qualquer, eu puder ou não ligar para algumas dessas almas, e dizer "Foi muito bom ter conhecido você. O bastante para agora eu estar sentindo tanto a sua falta. 21 Dias" e então quem sabe, "Adeus." Espero que eu não me arrependa de fazer isso. Porque eu sei que depois disso, o tempo vai passar todo em câmera lenta, apenas para que eu sinta cada partícula de mim se esvair. Apenas para que eu reflita sobre cada palavra dita. E lentamente até que reste somente a doce sensação da brisa, eu vou abrir os meus olhos e diante deles a única coisa que conseguirei enxergar vai ser a luz do sol nascendo, e todas as nuvens se fragmentando em tons gradientes.

3 comentários:

ray disse...

Igoor~
Ficou muuito bom esse texto.. muito bonito, profundo.. todos estão ótimos!
é bom ler essas coisas, que você escreve.
:D

Igor Palhares disse...

Ray, obrigado!
Valeu por ler, viu? ;D

Kia disse...

Deu preguisa
+ li e valeu apena
pq ficou mto boum