quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ela sabia

Quis desaparecer. Se entregar a qualquer coisa, menos ao que podia ver. Era demais, era significantemente bom demais pra ser demonstração de alguma outra realidade que vivia. Então se questionara se era certo agir assim, pois toda vez que alguém a elogiava, ela fugia, tentava mudar a causa que ditou as boas palavras. Mas ansiava, sim ansiava muito, encontrar alguém e algo que a sustentasse. Não o sustento físico, mais o incorpóreo. O que podia deixá-la ser livre, de bem consigo mesma. E pra encarar o que havia visto, tentava rejeitar, tentava fingir que não era com ela. E repetia isso vezes e mais vezes, até quando conseguisse acreditar em suas falsas articulações. Queria acreditar num mundo cruel, queria fazer drama, queria ser qualquer vítima, até chegou a pensar em se jogar, sem poder se agarrar a nada. Nada que a sustentasse. Mas ela sabia, sabia sim. Sabia como era tão contraditória, e que sua vida - novamente não no sentido físico, nem corpóreo - estava num precipício, agarrada apenas à uma flor que a qualquer instante iria desprender-se da terra e deixaria que caísse. E cair, para ela, podia ser bom, podia ser cruel, podia ser fictício, podia até ser nada, mas era tudo. Naquele instante, era tudo o que realmente valia a pena vivenciar. Eram suas emoções. E isto, era tudo aquilo que a motivava a querer desaparecer. Simplesmente porque o precipício era o amor. E em sua cabeça, ela tentava ignorar as formas estranhas que este sentimento podia incapacitá-la de continuar com sua ordinária vida. E ela sabia disso. Sabia porque sentia, e sentia que uma hora ou outra, ela não iria resistir mais. Pois em seu rosto apenas transparecia uma emoção difícil de explicar. Ela então apenas sabia, sim, e sentia... Foi se entregar, ao que antes evitava.

Um comentário:

Gabriel Leite disse...

Hei man...
Estava aqui conhecendo se blog. Gostei bastante!

Agora, me diz como eu faço pra ter um sistema de tags tão bonitinho quanto esse! Fiquei com invejinha.