quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sinto muito

Quem precisa de uma arma apontada para o coração quando não há mais nada a se sentir senão dor? Dor da qual só se sente só. Que não se abafa ou compartilha em milhares de desabafos. Dor que mata sem precisão de arma porque vem da extrema falta de ser amado. Da urgência de querer por pra fora aquilo que não vai sair de dentro com facilidade. De querer gritar ao mundo o "tanto que sente" ao mesmo tempo em que o mundo ecoa "tanto faz". Dor de poder demonstrar aquilo que se sente para quem sente, sem poder de verdade. Assim como se tanta coisa pudesse não ter que fazer sentido para que não tivesse que sentir tanto. Mas que ainda assim lhe suga toda a esperança que resta num coração cicatrizado.

Se tanta coisa pudesse se ausentar automaticamente da minha presença para que eu não tivesse uma outra chance de sofrer ao ver o que não posso tocar. Para que eu não tivesse que perder boa parte do que sou em troca de algo que nunca será meu. Eu deveria sentir pena de mim mesmo, se já não sinto. E é de tanto sentir que a dor do coração se transformou em dor de cabeça. Eu sinto tanto quando deveria nada sentir.

Eu sinto muito.

3 comentários:

Owl disse...

" (...) Nunca há um futuro, nunca há o depois; (...) Há somente a teimosia desesperada, essa busca incessante por amor, por entrega mútua, pela possibilidade de encontrar aquele a quem se entregaria, aquele a quem amaria como se não houvesse amanhã; aquele amor utópico, patético, ridículo. Ridículo, mas necessário. Necessário para nos fazer sentir vivos; para nos tornar vivos (...)"

(Constant Search - Caroline Rosemburg)

Joe Blanca disse...

Escreve muito, acerta um ponto onde poucos autores alcançam. Estarei seguindo.

Unknown disse...

Belas palavras, já tô seguindo seu blog, retribui lá no meu? abçs!!!

http://palavraseessencias.blogspot.com/